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Carreira de Especialidades Veterinárias

 

Após anos de estudo e aprofundamento, finalmente você decide encarar o mercado de trabalho e oferecer seu serviço de especialidade. Você tem um bom currículo, investiu em materiais, fez alguns folders/cartões de visita e entregou nas clínicas veterinárias, mas, mesmo assim, não recebe encaminhamentos. Já passou por isso? Eu passei! E é algo muito frustrante para a profissão, por isso escrevo esse texto para te orientar.

 

4 Dicas para ter sucesso como Médico Veterinário Especialista

 

A realidade é que somente o domínio da parte técnica não garante, de forma alguma, que você será um profissional que conseguirá construir uma carreira sólida dentro das especialidades. Já vi vários colegas que, mesmo com uma formação muito completa, alguns até com doutorado, atuaram por alguns anos em especialidades e depois desistiram por achar que não valia a pena.
Um dos motivos que os levaram a desanimar é que eles eram “bons”, mas os clínicos não reconheciam isso e não encaminhavam pacientes a eles. Com isso, todo o conhecimento técnico era subutilizado e o retorno financeiro não vinha. Esse é um sinal que eles estavam “certos” e os clínicos “errados” por não enxergarem seu valor? Não necessariamente. Possivelmente, eles não conseguiram demonstrar seu real valor.
Ser um bom técnico é primordial para a longevidade  na sua carreira de especialidades, mas precisamos muito mais do que isso.

Vou listar aqui, então, várias atitudes que, se você tiver, certamente receberá um número maior de encaminhamentos.

 

1. Melhore a sua apresentação como Especialista

 

Para ilustrar isso conto duas histórias de especialistas que em um aluno me relatou na última turma de nosso Curso Online de Empreendedorismo para Especialidades Veterinárias . O primeiro foi aluno nosso, é oftalmologista e estava se mudando para uma nova cidade e queria se consolidar como referência na sua especialidade por lá. Seguindo o método que passamos, ele aprendeu como fazer visitas mais efetivas para despertar a atenção dos colegas para seus serviços. Isso rendeu alguns encaminhamentos no primeiro mês e, no segundo, o faturamento dobrou e chegou a um nível bastante razoável para uma fase inicial.
Já o segundo, cardiologista, disse o seguinte: “vou passar em algumas clínicas da minha cidade e distribuir currículos”. Fez como a maioria de nós faria (eu mesmo já fiz). O resultado disso? Ninguém chamou ele até hoje. A dica aqui é que o clínico geralmente é ocupado e só receber um papel com o seu histórico profissional pouco significará para ele. Por isso, você precisa achar formas de chamar atenção para seus diferenciais e mostrar como você pode ajudá-lo.

 

2. Mostre que você pode resolver o problema antes de piorar

 

Muitos não nos encaminham pois acreditam que podem resolver o caso eles mesmos. Coloque-se no lugar do clínico e tente ver como ele pensa. Se ele encaminhasse TODOS os casos para especialistas, o que restaria para ele atender? Aqui a discussão não é o que é certo ou errado e nem o que é ideal, mas sim pensar em como você pode construir esse trabalho em parceria.
Então, seu papel será mostrar de uma forma gentil quais casos ele pode resolver sozinho e em quais condições e em qual momento ele deve te acionar. Por exemplo, eu recebia encaminhamentos para fazer dieta para estágios finais de doença renal crônica onde já não havia muitas opções (o paciente estava caquético e com anorexia prolongada). Se eu recebesse esse paciente nefropata em uma fase mais inicial, certamente haveria muito mais a fazer com a dieta para retardar a evolução da doença. Então, meu papel era mostrar isso a eles, o que acaba sendo um trabalho de educação que rende frutos em longo prazo.
O problema é que quando recebemos aquele encaminhamento que “passou do ponto”, ficamos bravos e culpamos o colega, julgando-o como negligente. No entanto, esse é a oportunidade ideal para você mostrar que, em um próximo caso, você teria mais a fazer em uma fase inicial. Aprendemos isso com professores de nosso curso que são especialistas de renome nacional. Eles relatam que, no início, os encaminhamentos eram muito baixos. Mas, com “jeitinho” e paciência eles foram conquistando a confiança dos clínicos e hoje nem precisam se preocupar em formas de conquistar novos clientes, pois eles vêm continuamente.

 

3. Mostre para o Clínico que ele não perderá dinheiro com isso

 

Talvez, outro receio de nossos colegas Veterinários clínicos seja a queda de faturamento ao passar a você todos os casos daquela área. Nesses últimos anos de crise econômica vi isso acontecendo muito claramente. Conversei com vários colegas especialistas que me relataram o mesmo: “a crise está tão feia que o colega clínico geral está retendo a maioria dos casos para ele”.
Então, o nosso trabalho é mostrar que podemos construir uma parceria ganha-ganha. O grande problema na rotina é que essa parceria sempre está desequilibrada para um dos lados. Vários amigos donos de clínicas e hospitais veterinários têm me relatado que existem muitos especialistas “estrelinhas” que chegam no estabelecimento, fazem seu serviço, exigem receber à vista (mesmo quando o cliente paga no cartão parcelado) e depois oferecem pouco acompanhamento ao cliente.
Precisamos mostrar que nós vamos trazer dinheiro para a clínica sem ele precisar trabalhar diretamente. Além disso, relacionado ao ponto anterior, devemos mostrar que essa parceria resultará em maior satisfação do cliente e, com isso, ele terá clientes mais fieis e receberá mais indicações. Como eu gosto de falar em aulas “paciente bom é paciente vivo”. Afinal, se o paciente já morreu, o cliente não vai gastar mais nada com seus serviços. E você será uma forma de manter esse paciente vivo para que ele continue consumindo medicamentos, exames, consultas, internações etc (claro que de uma forma ética e quando o paciente realmente precise).

 

4. Construa relacionamentos

 

Um dos alunos nossos, em 2017, trabalhava com ultrassonografia volante no interior do Paraná. Após anos de trabalho duro, ele conquistou a confiança de muitos colegas a ponto de ter uma excelente quantidade de encaminhamentos para exames e, com isso, obter um nível financeiro muito acima dos padrões da maioria dos veterinários.
Em uma das aulas ele me contou uma estratégia que ele usava e funcionava muito bem. Ele era conhecido como “o cara do cafezinho”. Em cada clínica que ele ia, parava para tomar um café com o pessoal e bater papo sobre assuntos gerais. Isso o ajudou a construir amizades para que os veterinários confiassem primeiramente na pessoa dele para depois confiar nele como profissional.
Todo clínico que nos encaminha tem uma grande responsabilidade, afinal, se nosso serviço não for bom ele estará comprometendo a sua credibilidade com seu cliente. Como diz outro professor de nosso curso: “ao receber um encaminhamento de um clínico que não te indicava você precisa fazer o melhor atendimento da sua vida. Ali está sua oportunidade de mostrar seu real valor e pode ser que você não tenha uma segunda chance!”.
Por isso, a “estratégia do cafezinho” funciona para diminuir essa desconfiança inicial com o seu serviço. Construir relacionamentos, certamente, é mais importante do que ficar demonstrando todo o seu conhecimento técnico. Também é importante que você dê feedbacks aos clínicos sobre o tratamento que você instituiu e ser acessível para discutir casos e tirar dúvidas. Com isso, todos crescem juntos!